Le Joueur de Guitare, Paul Gauguin
Lá vai ele
O mundo nas costas
Não dá respostas
Do que ele gosta
Não há pressa
Mas ele corre
Não demora
Que o sol já vai se pôr
O escuro não é seu companheiro
Dá vontade de gritar
Sair pela porta
E nunca mais voltar
Assim é sua vida
Ele irá se acostumar
Não quer ser
Motivo de conversa
E quando o é
Lhe dói à beça
Ele não faz amigos
Pois conhece o perigo
Ele é capaz de se vingar
Não é mau
Mas não sabe perdoar
O seu senso de justiça
É melhor não apurar
Sua ética, sua moral
Seus conceitos fogem do normal
Não se trata de loucura
Mas de um sujeito legal
Que não reza
Nem comemora o natal
Seus amores, suas paixões
Talvez não os tenha, quem sabe?
Ele não demonstra
Alguém amar
Tampouco, isso é óbvio
Tenciona falar
Por falar em falar
Há de se falar
É o que se fala
Ninguém nunca o ouviu falar
Chamam-no autista
Às vezes esquizóide
Na verdade ele é um lorde
Do que se chama devaneio
Só ele sabe o que se passa
No interior de seu seio
Já tentaram decifrá-lo
Um trabalho em vão
Psicanalista, psicólogo
Psiquiatra, pai-de-santo
Esse conjunto solução
Está escrito em esperanto
Se vive, se morre
Ainda não decidiu
Sabe que é uma dúvida vil
E prefere não pensar
Tampouco, isso é óbvio
Tenciona falar
Por falar em falar
Há de se falar
É o que se fala
Ninguém nunca o ouviu falar
Talvez seja porque
Não sabem o escutar