A dupla Page e Plant, atuando nos recentes longinquos anos 70
Há muito tempo, numa discoteca muito, muito distante havia aquela cara, que abalava as noites de sexta-feiras ao chacoalhar freneticamente sua estrutura óssea em contratempos, antecipando a filosofia dream-theateriana. Era Lé de Zé Pelim, madeixas inimigas dos pentes e calças tão apertadas que por pouco não o rachavam ao meio, aproveitando a fissura glútea.
Em certa ocasião, ele que esperava por Darth Vader para lhe vender as balinhas de menta, ia amarrando os cadarços da mente, com um Hollywood entre os dedos. As luzes da bola cintilante dependurada do teto encandeavam os olhos de Lé de Zé Pelim, alterando levemente o fenótipo de seu “azinho-azinho”.
Da multidão, o amigo Vader surgiu e lhe entregou os comprimidos. Ele os ingeriu depressa. Lentamente, as luzes cintilantes que encandeavam seus olhos passaram a ser projetar, tal qual lâmpadas fluorescentes com som acoplado. E num devaneio interplanetário, lá estava Lé de Zé Pelim duelando com seu amigo de outrora, Darth Vader.
O embate durou centenas de milhões de anos-sem-luz, e, aproveitando o tropeço dos cadarços amarrados, o traficante estelar conseguiu desferir um golpe mortal no cambaleante Lé, cujo final foi o contato brusco com o chão.
No meio da pista da dança, um Ramone distraído foi testemunha do cumprimento da profecia. Como se tivessem apertado o review do vídeo cassete de não sei quantas cabeças, Lé de Zé Pelim retornou à posição inical.
– Hey, ho! É um milagre brasileiro! – vociferou sem acordes punk o Ramone.
– Que a força esteja com você! – e sublimou o Lé de Zé Pelim.
Outro mini-conto da parceria Rudá-Thadeu, guardado no HD e agora liberado para o deleite do público
Quando eu era criança minha mãe dizia que batatas faziam bem pra saúde. Hoje eu acredito, depois que um saco delas que eu carregava rente ao peito quando voltava do supermercado me salvou de uma bala perdida.
– Não aguento mais essa vidinha, esse povo falso, egoísta. Só pensam em suas vidas, suas vaidades. Eu cansei. Tem momentos que eu preciso é ficar sozinha, me isolar um pouco do mundo.