sexta-feira, 21 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O poeta na areia

Foto por Jéssica Brandão, em Correio da Bahia

Há vários caminhos para a boa ventura.
Um deles é certo, porém;
permiti-me apresentá-lo.
Repousa no refletir do sol na água
às cinco e quarenta e cinco da tarde
no porto da Barra.

Caminhai, baianos,
segui por ele, turistas.
Fixai o olhar no círculo,
lá ao fundo, luminoso.
Ide a ele que vem a vós, pais e irmãos,
todo santo dia, cá na baía de todos os santos,
estes que vos abençoam
a caminhada por sobre as águas.
Não é preciso milagre,
somente que observeis o tapete alaranjado
duelando com o azul costumeiro
(aliás, cores não brigam,
apenas entram em contraste)
e andeis pelo brilho.

As seis horas são esperadas.
Movei-vos pela estrada, portanto,
que os cavalos-marinhos já vêm
enrolar o tapete, ao que se põe
o sol, não no horizonte,
mas atrás da ilha de Itaparica,
ao som das palmas que batem
os bons viajantes na areia
cada vez mais fina, desgastada
de emoção por tantos crepúsculos.

sábado, 1 de agosto de 2009

Insônia

Um desassossego à noite me veio qual peça de arte.
Não me concentrava senão no balançar
da cortina ao vento, uma rubra pintura expressionista
em penumbra, cena fatídica de filme noir.
Desconfiei de contratempos em sol na bexiga,
minha mera gaita de foles desafinada.

Romance meu sem início nem fim,
somente acompanhado meio repentino,
a concepção sorrateira desse poema.