Chorinho, Portinari
choro
a lágrima de um chorinho bem executado
as notas, os acordes, a melodia alegre
à festa!
o cavaquinho inzoneiro, choro
o bandolim faceiro, choro
o violão de sete cordas e sete são as notas
o pandeiro modesto, choro
a flauta açucarada, choro
à pândega de hoje à noite!
sob um pedacinho de céu estrelado
um sujeito miúdo, brasileirinho,
ele, que mulato assanhado,
toca seu instrumento com força e delicado
dá-lhe urubu malandro, seu apelido de noites cariocas
sujeito brejeiro, não obstante carinhoso
um tico-tico aqui, um tico-tico lá
entre um solo e outro, às damas
um doce de côco, uma receita de fubá
apanhei-te, cavaquinho!
e vais chorar toda a madrugada
In: Das Ideias (2010)
.
Entre a saudade e a boêmia.
ResponderExcluirabraços!
Deu até uma vontade de ouvir um chorinho...
ResponderExcluirBem musical o poema Caio.
Musicalidade doce e bem empolgante.
A arrumação das palavras tá "da hora"
Gostei mesmo.
"entre um solo e outro, às damas
um doce de côco, uma receita de fubá" (que gracejo)
Abç.
falou de choro.
ResponderExcluirtocou no meu tendão de aquiles...
muito bom, caio!