quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Samba-canção

O meu violão não tem cordas, Armando Basto


Fiz um poema pra te dar
Cheio de rimas que acabei de musicar
Se por capricho
Não quiseres aceitar
Tenho que jogar no lixo
Mais um samba popular

Noel Rosa


Veio tão de repente a chuva,
que não pode se abster
da lembrança de um dia deitaram-se,
noutro não mais o queria ver.

Se me permitem mais comparações,
mas oras, não sei a quem peço permissão,
poderá haver respeito por quem
rasgou as cordas do violão?

Volto à anunciada analogia,
foram um diálogo de Hamlet
sem saberem-se uma triste aporia
ficções em lá menor sem melodia

Bem assim foi sua definição,
desdenhosa, desditosa, rosa,
desbotado o escarlate que lhe enchia
os lábios de sua agora vulva viúva.

Porque eis o velho autor suicida
travestido de velho sambista,
nunca morre de vez, mas a cada verso
a cada compasso sincopado na pista.

Um comentário:

  1. o poeta abandonou o seu ofício..
    sinto falta do poeta, ou melhor, da poesia.

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