quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O poeta na areia

Foto por Jéssica Brandão, em Correio da Bahia

Há vários caminhos para a boa ventura.
Um deles é certo, porém;
permiti-me apresentá-lo.
Repousa no refletir do sol na água
às cinco e quarenta e cinco da tarde
no porto da Barra.

Caminhai, baianos,
segui por ele, turistas.
Fixai o olhar no círculo,
lá ao fundo, luminoso.
Ide a ele que vem a vós, pais e irmãos,
todo santo dia, cá na baía de todos os santos,
estes que vos abençoam
a caminhada por sobre as águas.
Não é preciso milagre,
somente que observeis o tapete alaranjado
duelando com o azul costumeiro
(aliás, cores não brigam,
apenas entram em contraste)
e andeis pelo brilho.

As seis horas são esperadas.
Movei-vos pela estrada, portanto,
que os cavalos-marinhos já vêm
enrolar o tapete, ao que se põe
o sol, não no horizonte,
mas atrás da ilha de Itaparica,
ao som das palmas que batem
os bons viajantes na areia
cada vez mais fina, desgastada
de emoção por tantos crepúsculos.

4 comentários:

  1. Que gentil e pertinente teu comentário, Caio!
    Muitíssimo obrigada, inclusive e principalmente pelo poema-paródia.
    Vou ver o teu canto com calma agora...
    Volte sempre ao meu, és convidado!
    Bjo e paz.

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  2. Vim agradecer
    o seu gentil comentário
    lá no doce de lira.
    E buscar, claro,
    as suas entrelinhas! : )

    Bateu-me uma vontade
    de conhecer a Bahia...

    Grande abraço!

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  3. Caro Caio, um bom e telúrico poema.E em resposta ao comentário que tu deixou por lá digo:Não ha a necessidade de estar num lugar bucólico para que se faça boa poesia, esta coisa de bucolísmo servia lá para os Arcades, que por sinal tiveram grande valia para o que hoje entendemos por poesia.Mais hoje meu caro, o mais simples e pequeno poema vem, sem dúvidas, de um misto de tradição( leitura de poesia feita ao longo dos tempos)Ler é a primeira chave para a boa poeisa,não existe um bom poeta, sem que ele seja um bom leitor de poesia.E há o talento individual(Que cosnsiste em estando em contato com a tradição, trazer á luz uma leitura sua em forma de uma nova realização que culmina na sua poética, seu modo, seu estilo).Portanto meu caro amigo Caio Poeisa se faz com "sangue, suor e lágrimas"É trabalho braçal que não termina nunca.Sempre desconfie de que a sua poesia ainda precisa ser escrita e siga escrevendo, isso fará com que você produza poesia de altissima qualidade.COmo a que você vem fazendo por aqui!!!!Um abração de Georgio RIos

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  4. Curiosidade: Foi o que me trouxe aqui, para conhecer o Caio Rudá que visitou o "Revolução em Palavras" e utilizou a foto de tal blogueira - Jéssica Brandão.
    Ao chegar, encontrei uma nova sensibilidade,.um poeta que traduz um cantinho da beleza da "minha cidade". Obrigado pelo poema, as palavras são necessárias para que possamos (re)lembrar da beleza que as vezes é apagada com o dia-dia dos centros urbanos.

    P.S: Estou likando o seu blog e colocando o texto no Revolução em Palavras, devidamente creditado.

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