L'eloge de la Dialectique, Magritte
Há sobretudo um poema de Ferreira Gullar que em seis versos alcança muito mais do que eu ou qualquer outro poderia num longo ensaio. Essa é pois uma das características que eu mais admiro na poesia, seu caráter de síntese; síntese em termos de brevidade e resumo, mas também no outro sentido de apoiada quase numa dialética hegeliana: o autor, o leitor e o poema.
Embora a poesia seja uma manifestação artística, sua diferenciação das demais artes e consequente singularidade é justo por esse flerte com a razão, fuga da estética pura, especialmente na poesia contemporânea. Assim, por mais convincente e sedutora que seja a ideia do poema, há sempre em que lê uma disposição de sufocar a poética proposta, pois essa é a dinâmica da construção de pensamento — tese, antítese e síntese.
Filosofia à parte, fato é que o poeta não pode rejeitar sua condição, ou, that is the question, pode? É o que pergunta Gullar.
That is the question
Dois e dois são quatro.
Nasci cresci
para me converter em retrato?
em fonema? em morfema?
...................Aceito
...................ou detono o poema?
.
Aceita, detonando o olhos de quem lê o poema!
ResponderExcluir*--*
Saudades daqui! =D
Caio, O Gullar é um poeta que se dev ler pro resto da vida!
ResponderExcluirOlha meu Caro Caio Gênio mesmo são os que conseguem em poucos versos Transformar as nossas vidas, a primeira vez que li Bandeira e o seu Pardalzinho, quase morri, até hoje ele é o meu mestre maior, isso tinha 13 anos.
ResponderExcluirDepois conheci outros mestre
Mario Quintana que me ensinou uma nova gramática e nos possibilidades para se compor os poemas
Manoel de Barros que me Rã, que me Arvore
e Drummond, Drummond que é gênio das palavras, há de nascer homem n terra que sabe usa-las tão bem como Drummond
aqui fica um convite para você participar da nossa seletiva do Poema, Contos e Crônica do Papéis de Circunstâncias http://papeisonline.blogspot.com/
É realmente fantástico o poder de síntese da poesia.
ResponderExcluirCabe uma alma inteira num verso.
"flerte com a razão"
ResponderExcluirGostei da sua análise e da escolha do poema.
Obrigada pelo comentário.
Abraço.
Obrigada pelo comentário, querido. E ahhaha, eu fiz isso logo hoje. o "mamãe estou indo".
ResponderExcluirobrigada pela visita, caio.
ResponderExcluirgostei daqui tbm
um beijo
apareça.
Este comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirDetone o poema sem detonar a poesia!!!
ResponderExcluirÉ assim que penso: para que prender-se a forma, quando a beleza está na poesia do conteúdo!
Falo de seu significado mais do que seu som em rimas e versos!
Espero estar certo, meu caro!
Quem sabe ainda venho a ser sua editora!?
Obrigada pela visita, retorne sempre que desejar =)
Caio,
ResponderExcluira magia da poesia reside, de fato, na profundidade contida em tão breve síntese.
Excelente a exposição crítica que fez do genial poema de Ferreira Gullar!
Um abraço,
Doce de Lira
Continuo sem seu livro.
ResponderExcluirDetesto poemas aprisionados em formas perfeitas como os sonetos, por exemplo. Por isso, só consigo me identificar com os poetas contemporâneos que souberam livrar a poesia da prisão.
ResponderExcluirFerreira Gullar, Affonso Romano de Sant'anna, Manoel de Barros, Quintana, Adélia, Cecília, Thiago de Mello, Leminsky, Alice Ruiz, Drummond e mais outros tantos que felizmente conseguiram libertar a poesia de modo tocante.
Sou muito grata a todos eles por conta disso.
Sinto tanta pena dos Sonetos! Não troco um único verso do Manoel por 50 sonetos do Vinícius, mesmo que sejam os melhores de toda sua obra.
Adorei seu blog! Quero ler seu livro. Parece bem interessante.
Beijos!
Ótimo raciocínio, velho.
ResponderExcluirMeu último poema postado no blog fala, coincidentemente, de razão.
Um texto de Octaviano Paz trata de imagem pela mesma perspectiva, de certa forma. Uma imagem, num poema, seria uma dialética sem resolução perpétua, cuja síntese é apenas passageira, pois se faz a cada leitura, de acordo com o leitor, o contexto etc.
abraço.