sábado, 27 de novembro de 2010

Gli occhi degli artisti

 La Gioconda (Monna Lisa), Leonardo da Vinci

Panofsky mostrou que só a mente racionalista da Renascença florentina poderia ter criado uma concepção homegênea, funcional e matemática do espaço figurativo, oposta à que se exprimiu na arte bizantina ou na gótica, onde as figuras se dispunham, no masaico ou no vitral, segundo razões simbólicas, sem qualquer cuidado de realismo anatômico.

Um fragmento do livro Reflexões sobre a Arte de Alfredo Bosi. Uma obra para introdução à história e filosofia da arte. Nela são discutidos alguns aspectos que perpassam a produção artística ao longo dos tempos, oferecendo uma visão cronológica de fatos e também discussão de alguns conceitos estéticos. Trago aqui uma inquietação minha nunca resolvida em definitivo, a da brusca mudança das técnicas de pintura que marcam o Renascimento. Me questiono: antes desse evento os homens eram desprovidos de capacidade cognitiva que lhes permitisse transpor para o papel a trimensionalidade ou essa seria uma categoria irrelevante na produção pictórica pré-renascentista? Haverá desenhos com profundidade e noção espacial análoga à real durante a Alta Idade Média ou ainda antes? Certamente questões que podem ser respondidas pela leitura de uma bibliografia razoável sobre História da Arte, mas no momento fico com a indagação: incapacidade ou desnecessidade? Acima Bosi apenas cita outro autor, mas me parece concordar com a posição de que faltava ao pintor medieval a habilidade, não a carência de razões. Sei não.
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4 comentários:

  1. Você me fez duvidar também....

    Não acredito que o homem fosse inapto para fazer tais pinturas antes do Renascimento...

    Talvez lhe faltasse o motivo mesmo...(não sei...).

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  2. A análise é simples: pinturas anteriores ao Renascimento não possuíam noção de tridimensionalidade. Pinturas são obras de arte. Obras de arte são fatos. Contra fatos não há argumentos. hueheuheuheu

    Acho que tudo depende de uma técnica, Rudá. Resta saber se as técnicas que permitem que um pintor transponha para o quadro a noção de figura tridimensional já existiam e foram rechaçadas por esses caras pré-renascentistas.

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  3. Para contexto um texto,
    Para cada época um contexto,
    Para cada artista uma realidade,
    Para cada obra de arte uma revelação:
    do contexto
    do artista
    da época
    da realidade

    A funcionalidade das coisas gira em torno dos motivos em executá-las ou não...


    Considerando a obra de arte como funcional, sugere-se a indagação " O QUE LEVOU À SUA EXISTÊNCIA".

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