quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Silêncio – o espetáculo vai começar!

 Capa do livro Modus Operandi

 A poesia de Georgio Rios primeiro ouvi em música. E com música ele te presenteia, leitor, com seu modus operandi.

Dizem a música contém poesia, mas também a poesia contém música – tens em mão, leitor, prova irrefutável disso. Ceci n’est pás un livre, diria Magritte, mas um concerto, uma ópera, uma ária, uma rapsódia. O leitor passa a ser ouvinte. Abre as páginas e te deixa escutar a melodia das flores de hastes decepadas, das estradas secretas que descendem dos olhos distantes. E mesmo quando os sons não se encontram, não fazem rima, são dodecafônicos, sentimos a melodia, ouvimos a semântica dos seus versos. Georgio faz som não só de fonemas, mas das representações mentais que os versos evocam. Tudo convoca a sonoridade: o vento, o digladiar; tudo tem um bramir: os gatos miando, o apito do guardinha, gargantas, palavras, a máquina. Tocam-se os címbalos e violinos. Ruído oco do lápis em contato com o papel, sobre uma superfície de madeira. Temos de ouvir. Ler é ouvir. Não houve silêncio nessas páginas, ouve o silêncio.

Para esse poeta do interior baiano, a música tem músculos, a pedra tem som, as telhas conversam, pensamentos latem e a música é carbônica.


Para conferir mais do trabalho do poeta, http://www.georgiorios.com/.
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