domingo, 12 de junho de 2011

Oh brave new world!

 La Città Nuova, Antonio Sant'Elia

– Porque o nosso mundo não é o mesmo mundo de Otelo. Não se pode fazer um calhambeque sem aço, e não se pode fazer uma tragédia sem instabilidade social. O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança, nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, nem amantes, por quem possam sofrer as emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma. Que o senhor atirar pela janela em nome da liberdade, Sr. Selvagem. Da liberdade! – Riu. – Espera que os Deltas saibam o que é a liberdade! E agora quer que eles compreendam Otelo! Meu caro jovem!


Aldous Huxley pertenceu a uma notável família britânica de notáveis das artes à ciência. Seu avô, Thomas Henry Huxley, foi um importante cientista defensor das idéias de Darwin, conhecido como Darwin’s bulldog, facilmente entendível por quê. Seu pai, Leonard Huxley, foi um hiato de brilhantismo na família. Aldous Huxley, então, vem a se tornar um dos maiores escritores do século XX, autor de, além dos seus romances clássicos, poemas, contos e ensaios. Os tais clássicos, Admirável Mundo Novo e A Ilha, dos quais acabo de ler o primeiro. Críticas estilísticas à parte, o livro impressiona pela crítica à sociedade que se moldava à sua época, cujo paroxismo ele vislumbra em 2540 d.C. ou 632 d.F (depois de Ford). A tal época, uma sociedade bizarra, controlada, composta de indivíduos condicionados, no sentido psicológico mesmo do termo, e divididos em castas, felizes em detrimento da sua liberdade.

Huxley, A. Admirável Mundo Novo.
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Um comentário:

  1. Esse livro é o próximo a ser lido dentro da minha longa lista de leituras obrigatórias, rs. Gostei dessa referência a ele aqui posta, pois tô super ansiosa e curiosa p lê-lo.

    Não conhecia essa trajetória talentosa da família desse grande escritor, curti.
    Fico me questionando se o talento exímio de um ser humano em determinada artes/ciência tem estreita relação com a base familiar, se é genético ou coisa do tipo, rs. Ou tudo não passa do q cada um se desenvolve por si mesmo. Para se pensar!

    Essa tal sociedade q nosso Huxley retrata, me parece muito com uma sociedade muito próxima de mim.

    Grande visionário, esse Huxley.
    Blog sempre bacana, sir Rudá.

    Queiroz, Wi

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