segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Poema aos prantos


Crying Girl, Roy Lichtenstein

No projeto que há pouco mentalmente desenhava
do cotidiano dos fazeres domésticos,
um ato falho traz o enxugar de prantos.
Ato contínuo, um poema escrito aos prantos insecáveis.

Derramados aos últimos dias floridos de inverno,
lembro-me, prantos pretéritos que aniversariam
sob a garoa-guia de novos ares. Terei confessado
de minha acertada errância úmida e confusa?

Pranteio novamente, independente de equinócios
ou reminiscências, porque vem de estranhas entranhas,
estrangeiras e estranguladas.

Pranteio retroativamente para cultivar um futuro,
a despeito de também lágrimas e gotas que lhe embargam.
Faço-as seiva e sangue, que irrigam e derramam ao primeiro talho.
.

Um comentário:

  1. que seja seiva, enquanto durar a lágrima.

    os tais "prantos pretéritos" sempre rondam a circunferência mental, sem mal, sem mal.


    minha crença na tua arte é inquebrável. #sem babação de ovo, Caiô, mesmo.
    Felicidades, poeta.
    :

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