segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Equador

Equador é um dos dez livros selecionados e sugeridos pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) ao vestibulando. Na verdade, ao bom vestibulando, a leitura do segundo adjetivo referente ao livro, é impostos, já que a prova de português gira em torno desses romances, especialmente na 2ª fase.

Certa feita, comentei com uma amiga sobre esse livro. Automaticamente sua resposta foi um "Deus me livre", ou qualquer coisa parecida que não me lembro ao certo no momento. Ela afirmou abertamente que tem uma certa aversão ao tipo de literatura a que pertence o referido romance. Segundo ela, sua preferência é por literatura pobre, e que contenha, suponho eu, na maioria das vezes, uma bela estória de amor, narrada de forma altamente dramática, a fim de prender o leitor ao enredo, transformando-o num mero espectador, não oferecendo-lhe, em contrapartida, os ingredientes necessários à interpretação das entrelinhas da obra, inexistentes no caso. Argumentei ainda, explicando-lhe que o livro era empolgante e continha um triângulo amoroso - e se o leitor permite o spoiler, futuramente, tornando-se em quadrado, com direito a traições e o escambal. Isso, no entanto, não foi o suficiente para convencê-la de que Equador seria uma boa e essencial leitura. Dessa vez, a réplica foi: "é psicológico, eu sei. O livro pode ser bom, mas se foi a escola que recomendou, perde a graça. É como se eu tivesse estudando." E de fato trata-se de estudar o livro, o que eu fiz aliás. Se bem ou mal, já são outros quinhentos, que infelizmente irão significar parte de meu desempenho da prova.

O que se pode dizer de Equador é que é um bom livro indiscutivelmente. Não obstante alguns erros históricos, cuja percepção não me é de direito, o conjunto da obra é de uma brilhante arquitetura. Livro de época, remonta ao início do século XX e narra a vida de Luís Bernado Valença, um indivíduo solteiro, já próximo dos quarenta anos. Doutor Valença, como gostava de ser chamado, mesmo tendo iniciado seus estudos de direito, acabou por administrar a companhia de navegação herdada dos pais, que futuramente seria vendida pelas circunstâncias. "Era um homem livre: sem casamento, sem partido, sem dívidas nem créditos, sem fortunas nem apertos, sem o gosto da futilidade nem a tentação do desmedido". E fora pelo seu estilo de vida e qualidades de um intelectual liberal, que o transformavam em homem de vanguarda, que recebera o convite do rei de Portugal para tratar de problemas ligados ao trabalho escravo, desempenhando a função de governador nas longínquas ilhas de São Tomé e Príncipe.

Sobre a linguagem do texto, há de se ressaltar que foi escrito na variante lusitana do português, o que não impõe nenhum duelo à sua compreensão, entretanto. Mais complicado é não se perder no estilo rebuscado do autor, cheio de longos períodos que intercalam pensamentos das personagens com acontecimentos e até intervenções suas. De qualquer forma, de um modo geral, a leitura é tranquila e empolgante em determinados pontos. As excessivas descrições(não acima do suportável) ajudam o leitor a ambientar o espaço em que se passa o enredo, fazendo com que, mesmo os não familiarizados com o ambiente tropical, possam recriá-lo que fidelidade. Não lhe escapam as minúcias, largamente vestidas em comparações e metáforas, e o psicológico das personagens.

A grande importância que Luís Bernardo tem na obra, faz imaginá-lo como um co-autor do livro. Isso pode ser comprovado pela predominância de seus pensamentos e ponto de vista, com os quais o leitor pode identificar-se durante a leitura. Trata-se de um romance que passeia pelo íntimo humano e suas relações sociais, pondo o homem como um ser eternamente em dilema e inconstante, ora por cima ora por baixo.

4 comentários:

  1. Mt lindo Dr. Rudá...
    Explicitar assim as opiniões de uma amiga sem compreendê-las ao todo.. huaahuauh
    conheço essa menina e ela me disse, que nao sao historias de amor tá? sao historia de misterios e aventuras que por gosto dos autores tem romance no meio...
    ahh e ela ta lendo Viva o Povo Brasileiro já tá? e mandou perguntar se tu empresta Equador??
    ahuahuhuauhuhauha
    todo sem graça vc ta?
    Bjo

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  2. Uhh!
    Dahora, deu uma minima vontade de ler.
    Nao pq seu texto nao esteja bom mas, pq, nao gosto muito de literatura brasileiro do tempo do rorocó.

    =D

    Amo vc.

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  3. Muito bom os textos!

    http://sofalar.blogspot.com

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  4. Já li o livro, apesar de não ser obrigatório aqui, achei interessante, mas não curti o final =P

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