sexta-feira, 1 de maio de 2009

O último voo do Senna

Uma das mais remotas lembranças que tenho é daquele primeiro de maio de 1994, GP de San Marino de Fórmula 1, eu de manhã parado em frente à TV e olhando sem entender bem o que se passava entre uma narração desesperada do locutor e aquela agitação de pessoas nas imagens.

Dali a horas, um herói morto, uma família em prantos, um mundo chocado e uma criança emocionada. Irônico, mas Senna nasceu para mim, exatamente no momento em que partia para sempre. Desde então seu nome me orgulha e comove. Sempre que vejo aquele fórmula-1 recebendo a bandeirada ou ouço sua música (que embora outros tomem emprestado, será sempre sua), é um choro que sobe à garganta.

Eu não acompanhei sua carreira. Não vi suas corridas, suas ultrapassagens fantásticas, os pódios brilhantes nem as vitórias históricas. Não sei por que Senna é um herói, um mito. Sobretudo não sei por que sua lembrança me entristece e ao mesmo tempo enche de brio.

Só sei que essa sensação talvez seja a mesma experimentada por ele nos segundos finais entre a saída da pista e o muro carrasco: a convergência da dolorosa certeza da morte e orgulho de ter sido em vida um talento incontestável, uma lenda do esporte.

6 comentários:

  1. Olha, Caio, eu vi o Senna correr. Quando ele partiu dessa pra melhor, eu já tinha 17 anos, daí, aproveitei muitos domingos de F-1. Às vezes, me pego pensando justamente nisso que você falou. Certamente, Senna se tornou mito por conta de sua morte trágica. Faz parte, né?

    Ah, valeu pela visita lá no "Diz"! Na realidade, a questão da nomenclatura, como você diz, foi só o pontapé pra deixar algumas idéias soltas no ar. Trabalho infantil, sub-emprego, semiescraivdão (é com hífen ou sem hífen? Maldita reforma!)... Enfim...

    Belo blog! Sucesso!

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  2. Olá, Caio! Valeu pelo comentário ;)
    Também tinha medo de levar minha câmera junto por causa da violência (é, em cidade grande é complicado), mas quando percebi que perdia a chance de registrar muitas cenas interessantes, resolvi encarar o medo.

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    Sobre o seu post, também tive essa sensação quando era criança. Não sabia quase nada sobre a carreira do Senna, e acompanhei toda aquela movimentação na pista sem entender bem o que acontecia... interessante você relembrar isso, nunca mais havia pensado na sensação que senti naquela época.

    Abraço!

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  3. F1 nunca foi a minha praia, mas eu vi a primeira vitória do Senna no Brasil e posso dizer: foi massa!
    A data da morte dele deve ter sido uma das mais tristes na nossa história recente.

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  4. Pois eu assisti, ainda menina, às "suas corridas, suas ultrapassagens fantásticas, os pódios brilhantes' e 'as vitórias históricas". Chorei profundamente a perda e, até hoje, realmente me emociono ao ouvir aquela música. Desde então, nunca mais consegui acompanhar a fórmula-1...

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  5. Valeu Caio Rudá, eu assisti as corridas fantásticas e foi muito gostoso, e curtia muito o grande SENNA.

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  6. Engraçado que eu tenho uma relação muito parecida , pra não dizer igual a sua, com Sena. Eu só me lembro do dia de sua morte e dos meus familiares chorando.

    E embora eu não me lembre da minha sensação, me lembro vagamente que a televisão ficava na sala e que eu olhei pro lado e tava a paisagem vista da varanda: um predio vizinho e uma rede de deitar que ficava na mesma, se bem que nem tenho certeza que tinha a rede.

    E lembro também de uma prima minha com a mão na boca com cara de espanto.

    O que viajei disso tudo é que não me lembro de ter olhado pra televisão. Talvez isso demonstre que fiquei mais impressionado com a reação das pessoas do que com o fato realmente. Tal qual você,

    Isso demonstra claramente que temos mais ou menos a mesma idade.

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