quarta-feira, 4 de novembro de 2009

sincretismo

ou Prece de um Sertanejo ao Orixá


Exumaré, Carybé

cabe um cheiro na garrafa vazia de água
cheia de cheiro do vazio
em que cabe o que cheira à agua
à água de cheiro

candomblé
aguaceiro

a planta do orixá
oxalá há de chover
e a planta molhar
oxalá, meu pai, oxalá
cá no mar tem Iemanjá
e não precisa de chuva
nem tem planta
nem molhar

oxalá
cheiro de chuva

mande a água, meu deus
sem nome nem maiúscula
sou anônimo nem grande
nem nunca vi o mar
e o cheiro de água
quem me dera, oxalá

cheiro de chuva
aguaceiro

oxumaré, meu deus
oxalá atenda
esse meu orixá
que me mande sua água de cheiro
seu cheiro de chuva
sua chuva de água
água de chuva, oxalá

5 comentários:

  1. fodido rapaz!!!!!
    água de beber, camará!

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  2. Eu viajo nas imagens, nos ritos e nos sons dostambores e das palavras. Sons das águas em cachoeiras shhhhhh o x's dos orixás.

    Gostei do modo como tocaste com as palavras. São as idéias do Caio Rudá, não?

    Abraços e bom final de semana.

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  3. Gostei, Caio!
    E que vontade
    de falar de Oxum... : )

    Beijo doce.

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  4. é rapaz, essa ai é pra musicar, tem a maior cara de letra de musica.

    Eu só acho que vc deveria rever os dois ultimos versos da terceira estrofe, a rima com iemanjá ficou um pouco forçada, mas ficou de fuder. Brincou bem com as palavras.

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