segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Evangelho segundo o poeta



 Ecce Homo, Antonio Ciseri

Não há mais panificadoras nesta pequena cidade
Não se come mais do corpo de Cristo, pois
E mantém-se o vinho porque necessária é
A ebriedade tanto o foi o filho na cruz.

In: Das Ideias (2010)
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5 comentários:

  1. Rapaz, ha quanto tempo eu não botava os pés aqui! Está excelente o espaço!
    Bom ver que, como diria o Maiakóvski, você ainda é um operário das palavras... e... tem certeza de que ele se suicidou? Há controstalinvérsias!
    Um abraço do perfeito submundo.

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  2. fala, rafael.

    ainda um operário das palavras, afinal é preciso, alguém tem que fazer o trabalho sujo rs.

    olha, difícil saber quem stalin não mandou matar naquela união soviética, hein? rs

    abraços!

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  3. Na ebriedade é que se confortam todas as intempéries,
    a perda súbita de um amigo querido.

    e na mesma ebriedade se tem arte.

    Assim nos disse Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos:

    "Para que haja arte, para que haja alguma acção e contemplação estéticas, torna-se indispensável uma condição fisiológica prévia: a embriaguez..."

    Mantém-se então o vinho, que nos garante a ebriedade e todo o resto.

    Parabéns pelo poema! Contemplo sua obra.

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  4. obrigado, anônimo.

    e parabéns a você pela contribuição. mais do que o prazer estético, considero um bom poema aquele que traz à reflexão. acho que fui bem sucedido nesse.

    abs.

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