segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

L'arlecchino

 Arlequín apoyado, Pablo Picasso

Hoje eu encontrei
andando pelas ruas
aquele poeta-palhaço errante
da cara pintada de pó-de-arroz.

Declamou sua meia-dúzia de poemas
e passou nas mãos do público,
as minhas, as tuas,
sua boina-cofre xadrez e decepcionado se foi.

Ou seria um chapéu-coco cinza,
confesso que não me recordo
ao que recente gritei:

Ei, artista! que vestes no teu cocoruto?
Respondeu-me nada trazer a cobrir a cabeça,
trazia-a nua a fazer nascer poesia em quem a olhasse.

4 comentários:

  1. Tu faz o poema 1º e escolhe a pintura/tela que se assemelha depois, ou escolhe a pintura/tela e se inspira para parir o poema?

    Ou os dois?
    É encantador o encaixe.

    se não pode revelar, eu respeito a descontinuidade do artista.

    Que o teu cocoruto esteja sempre a nascer poesia assim como aquele poeta-palhaço errante
    da cara pintada de pó-de-arroz.

    Eu estarei sempre olhando /o cocoruto/
    .



    ResponderExcluir
    Respostas
    1. caro anônimo,

      faço primeiro o poema, depois procuro uma pintura que encaixe ou finalize o sentido. acho que raras vezes fiz o processo inverso...

      Excluir
  2. Gostei muito, Caio!

    Um beijo, e felizes dias novos pra você.

    ResponderExcluir